Entrevista: Lauro Andrade

Em entrevista exclusiva para a IT HOME, idealizador da DW! e da High Design Expo explica o porquê manteve as edições de 2020, fala sobre o novo formato do festival e ressalta o design como item essencial para a sociedade.

Por Denis Nunciaroni

O empresário Lauro Andrade com fundo da vista de SP
Foto: Juan Guerra


Mesmo diante dos cancelamentos de importantes eventos da área, como o Salone del Mobile, a Mason & Objet e a nossa CASACOR, você preferiu esperar ao invés de cancelar a edição. E recentemente anunciou que, sim, teremos DW! e também High Design. Sempre teve a convicção de que seria possível realizar os eventos neste ano?

A partir de conversas com centenas de empreendedores, executivos, entidades e profissionais do setor, ficou claro para nós um sentimento coletivo exposto em três raciocínios essenciais: 1. Indústria, comércio, serviços e eventos de arquitetura, interiores, design e construção temos muito a contribuir com a sociedade, quando ela mais precisa de nós. 2. Por nossas competências e qualificações, temos a responsabilidade de ser protagonistas na retomada responsável, segura e sustentável das atividades humanas. E, 3. Entendendo-se por saúde “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença” (OMS), temos muito trabalho a fazer ainda em 2020, tornando saudáveis e seguros milhões de ambientes residenciais e espaços de trabalho, lazer e serviços. Partindo dessas manifestações, lançamos o movimento #designpelavida e relançamos os eventos DW! e High Design Expo, totalmente alinhados com calendários de reaberturas e protocolos sanitários.

 

Quais adaptações foram necessárias e qual protocolo será seguido para garantir a realização dos eventos com a máxima segurança para os participantes?

Nos baseamos em três níveis de protocolos e orientações sanitárias para definir formatos seguros paraos eventos: 1. Informa All Secure: definições mundiais de nossa apoiadora, a gigante global de eventos Informa Markets. 2. Plano SP, do Governo do Estado de São Paulo, que define a possibilidade de realização de feiras de negócios a partir de 12 de outubro. E, 3. Protocolo Ubrafe, criado pela União Brasileira de Feiras de Negócios e em validação junto à Anvisa. Todo nosso desenho dos eventos está sendo guiado pelo conceito de Safe Edition, com ações em quatro pilares: 1. Distanciamento física; 2. Limpeza e higiene, preventivas e corretivas; 3. Proteção e detecção prévia de visitantes com sintomas, antes do acesso aos eventos; e 4. Comunicação, com orientações de etiqueta, comportamento e procedimentos seguros, antes, durante e depois dos eventos.

 

Teremos uma edição menor em número de eventos e participantes?

Criamos um evento totalmente inovador e disruptivo, híbrido, com ações digitais e presenciais integradas. Desenhamos uma jornada de relacionamento das marcas com visitantes que inicia-se em setembro e outubro, no digital. E se conclui no presencial em novembro: DW! de 08 a 14/11 e High Design de 11 a 13/11. Utilizando plataformas digitais com recursos inéditos e exclusivos de conteúdo, negócios e relacionamento, acreditamos em aumento de audiência de 15.000 visitantes na High para 30.000 pessoas na comunidade “figital” e, na DW!, de 100.000 pessoas impactadas para 150.000 se relacionando com as marcas.

 

Você tem defendido o design como item essencial e criou o movimento #DesignPelaVida. Como acredita que o design pode contribuir nesse momento?

Existem várias definições de design. Erroneamente, muitos atribuem apenas à questão estética o conceito.  Para nós, desde sempre, design é um processo de encontrar soluções para a sociedade, integrando função e forma, gerando percepção de valor agregado. E este conceito enquadra-se desde pequenas escalas (objetos, móveis etc.) a grandes, como o planejamento urbano, por exemplo. Nesta lógica, o #DesignPelaVida representa o quanto nossos criativos, empresas e instituições de ensino são úteis e essenciais, nos bons e maus momentos da humanidade.

 

Depois de oito edições de DW!, você vê diferença na relação do público com o design? Acredita que o brasileiro tem se interessado e valorizado mais o design nacional?

Sem dúvida nenhuma criamos uma nova realidade para o design nacional. Quando começamos o festival em 2012, o mercado era super nichado e exclusivo para nomes internacionais e clássicos brasileiros consagrados. Na primeira edição tivemos 300 eventos e não mais de 50 designers como protagonistas. Na última edição, em 2019, com praticamente a mesma quantidade de eventos, foram quase 700 criativos com ações junto às marcas. Nosso grande legado foi mostrar aos milhares de profissionais de arquitetura e decoração que o Brasil é uma potência criativa e que deveriam incluir os designers em seus projetos. Hoje, não há mais dúvidas em relação a esta importância, com fabricantes e lojistas valorizando e lançando coleções autorais e mudando seus modelos de negócios.

 

Quando se fala em semana de design, logo se pensa em Milão. Mas, nossa DW! tem mais similaridade com a de Londres, correto? Como você posiciona a DW! brasileira em relação às outras semanas de design?

Criamos a DW! tendo os dois modelos como referência: Milão e Londres. Milão é a nossa “Meca” e com muitas similaridades ao Brasil no que se refere a “pensamento latino”. O modelo italiano nasceu de forma viral e orgânica e tornou-se destino obrigatório. Mas não temos em São Paulo o mesmo ecossistema milanês com uma cidade plana, transporte coletivo eficaz, ruas seguras e alto nível cultural e educacional em relação ao design. Encontramos em Londres um modelo mais adequado no que se refere a organização estrutural. A DW! nasce e se mante inspirada nas boas práticas de ambos.
 

 

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