Na morada de 93 m² do jornalista Danilo Costa, uma profusão de cores, revestimentos e soluções divertidas personalizam cada ambiente
Texto: Danilo Costa | Fotos: Mariana Orsi
“
Meu desejo sempre foi morar no centro de São Paulo, repleto das minhas memórias de infância. A região me lembra muito da época em que eu ia ao cinema com meu pai e adorava visitar o trabalho dele, perto da Praça da República. Além disso, estar perto da estação do metrô, no caso a Marechal Deodoro, facilita muito a vida, especialmente porque não tenho carro e amo andar a pé. Primeiro morei num apartamento de 58 m², que logo ficou pequeno demais para tantos sonhos: como ser pai (estou na fila da adoção há pouco mais de um ano), ter uma família grande, cachorro e etc. Meu antigo prédio também não tinha uma estrutura bacana, com academia, salão de festas, brinquedoteca e piscina. Por tudo isso, não hesitei em comprar um novo apartamento, num prédio que vi crescer e comecei a pensar nos detalhes do projeto antes mesmo de pegar as chaves.
Quem participou de cada detalhe ao meu lado foi a arquiteta Pati Cillo, minha amiga e que me conhece melhor do que ninguém. Diferentemente do estilo de todos os lugares onde já morei, meu novo endereço tinha de ser muito, mais muito colorido e personalizado. A Pati embarcou nesse desafio comigo, fazendo com que a paleta de cores não ficasse pesada demais.
Foram meses de projeto. Desenha daqui, cria dali, muda isso, aquilo… além das adaptações de alguns itens para caber no orçamento e também porque a obra aconteceu no meio da pandemia, quando o mercado estava no auge e muitos produtos começaram a faltar. Mas nem por isso, descaracterizamos os ambientes coloridos, começando pela varanda, sem dúvida, o coração da casa. Sem paredes de divisão com a sala, ela virou área de jantar e o lugar onde eu adoro ver o Sol nascendo e indo embora. Tenho até uma poltrona suspensa de corda para que essa vista fique realmente especial. Há ali um aparador de ferro, onde organizo minha coleção de LPs e várias prateleiras de serralheria e madeira, que exibem os bonecos que fazem parte da minha infância – alguns deles com mais de 30 anos de existência. Do piso colorido com cerâmicas verde e rosa, até os pendentes presos numa peça metálica pintada de preto, tudo foi bem customizado na varanda, assim como na sala de estar.
No living, quem chama a atenção é a parede, que recebeu um degradê de quatro tons de rosa e, como arremate, o neon que ao ficar acesso revela a minha música preferida da Whitney Houston. No cantinho perto da entrada, outra paixão que me acompanha há alguns anos: a estante com várias prateleiras deixa à vista minha outra coleção, formada por mais de 300 bonecos Funko, comprados e presenteados em diferentes momentos da minha vida. Na cozinha do tipo corredor, onde a Pati voltou a bancada para a sala, valorizando a integração dos ambientes, temos um lado inteiro de armários e o outro com vários itens de serralheria, além da divisão de cobogós, elemento que eu sonhava há muito tempo em ter na minha casa. Sou apaixonado pelos elementos arquitetônicos brasileiros.
A caminho da ala íntima, fica o quarto do meu sobrinho, que mora comigo e faz parte dessa história de querer a família sempre perto. Prezo muito por isso. O quarto dele tem paredes num tom de pêssego e um mobiliário todo sob medida, com cama, mesa de trabalho e armário num espaço mínimo – muitos pontos para os cálculos minuciosos da arquiteta. Depois, lá ao fundo, está a minha suíte, que virou um lugar bem privativo e completo. Posso passar horas lá dentro, pois consegui reunir área de trabalho, frigobar, até meu cantinho para dormir e ver TV – sem contar no móvel lateral que é a caminha da minha cachorrinha, a schnauzer Shakira, que manda em tudo por aqui (fiz muitas coisas do apartamento pensando nela).
Criatividade não falta no quarto, começando pela cama, que é formada por um grande tablado de madeira, encostado numa cabeceira feita de tecido e enchimento, sustentada por tiras de couro. No fundo, mais uma paixão, a parede recebeu lambe-lambe, aquele papel que a gente vê na rua, mas com uma interpretação bem decorativa. As cores do meu quarto são lindas, tenho verde escuro, tijolo e um tom no mobiliário que deixa tudo bem quente, acolhedor.
Assim como nos demais ambientes, tenho luminárias que desenham o teto; são esculturais mesmo. E, no meu cantinho do trabalho, perto da janela (onde vejo o pôr do Sol), tenho a mesa com tampo de madeira de demolição e pés de ferro, bem coisa de garimpo. Ao lado dela, o frigobar com a impressora. Em cada cantinho, um quadro, uma fotografia, um objeto que traz mais cores e ajuda a contar a história da minha vida. Sem dúvida, passei a amar ainda mais ficar em casa!