Em sua primeira coluna, a designer Nathaly Domiciano escreve sobre as macrotendências e comportamentos no design atual
Num cenário de constantes transformações, o design se adapta e se recria a partir das novas demandas e necessidades que surgem, sintetizando a formação de tendências. Como sabemos, a sociedade e o ambiente social trazem consigo dinâmicas contínuas de mudanças que se desdobram para atender demandas, propor soluções e explorar o novo, mesmo que ele se apresente como uma repaginação do que já existiu em algum outro momento.
Pela denominação, as tendências são previsões que foram consolidadas e que se expandem para determinados segmentos e contextos, de modo efêmero ou prolongado, isto é, uma tendência surge num primeiro momento como uma resposta aos hábitos e costumes de pequenos grupos da sociedade e de modo isolado. Após o seu período de inserção, a tendência pode se tornar macro e pulverizar de tal forma que passa a integrar não somente pequenos grupos da sociedade, mas a atmosfera global.
Na decoração, na arquitetura e no design é fácil perceber como as tendências se comportam de modo cíclico: o que era antigo retornou, a citar os exemplos do revestimento granilite, que agora possui releituras em outros materiais, dos tijolinhos que retornam em versões coloridas, lisas e até mesmo espalhadas, com forte vínculo aos originais de cerâmica. É também o momento de retorno do maximalismo, de espaços coloridos e repletos de identidade, ao contrário do que se estipulava o minimalismo, que teve sua fase de macrotendência e comportamento, mas agora cede seu lugar; e como não lembrar do uso intenso de formas retas e de materiais sintéticos e sofisticados, que estão atualmente sendo substituídos pela estética orgânica, com o amplo uso de plantas, elementos naturais e formas fluidas dispostas no espaço.
Tudo isso porque nessa nova década o nosso momento é de valorização ao que realmente sentimos afeto, é a casa com jeito de casa, é poder usufruir de bons momentos e experiências, é o ato de contemplar o simples e essencial, mas que tenha integralmente a nossa identidade e personalidade. É tempo de reconexão: com nós mesmos, com a natureza, com quem queremos estar perto. E é pensando nessas novas necessidades que descobrimos os novos comportamentos, pois eles já são muito mais do que tendências. Vamos conferir: Grandmillennial Style, Memphis, Color Block, Neotenic Design, Design Biofílico, Hygge, Lagom e Niksen, Zellige & Crafts: o Brutalismo agregado
- GRANDMILLENNIAL STYLE: em busca de uma estética mais tradicional, absorvemos nos últimos anos a ideia de um estilo que carregue não somente a nossa identidade e o que gostamos e compramos recentemente, mas é a ideia de resgatar tudo o que conta nossa história, explorar em cada espaço da casa objetos e peças que nos remetem a memórias, a presentes importantes de familiares, a elementos que trazem não somente um valor agregado de design, mas um valor afetivo imensurável. Por que na verdade, tudo o que precisamos é criar um vínculo com o lar, ainda mais num ano que as coisas mudaram completamente de rumo e a nossa casa se torna um refúgio, uma das partes mais importantes de nós.
- MEMPHIS DESIGN: Memphis é um dos estilos de design que surgiu em Milão, na década de 80, e agora retorna de uma maneira inconfundível: de fácil assimilação, o estilo é conhecido pelo uso intenso de neon, cores primárias, formas geométricas, padrões repetitivos e arrojados.
- COLOR BLOCK: O retorno das cores de uma maneira setorizada, enquadrada e organizada literalmente em blocos é o contexto da tendência que retornou. Muito além do design e da decoração, o color block antes já era visto nas pinturas, como Picasso e Mondrian, que se utilizavam de cores intensas e bem pontuadas para suas composições; assim como vemos constantemente o uso da tendência aplicado à moda, onde geralmente são construídos blocos de cores de alto contraste, para criar impacto.
- NEOTENIC DESIGN: Na tradução, neotenia, apesar de parecer um termo complexo, deriva da biologia e de modo prático, é a capacidade em animais de manter na idade adulta algumas características típicas de sua forma jovem. E porque essa condição se voltou para o design? O que acontece é que os elementos lúdicos, divertidos e voltados ao universo infantil geram instantaneamente uma sensação agradável e de felicidade, porque resgata nossas memórias do tempo de infância.
- ZELLIGE, CRAFTS: O BRUTALISMO AGREGADO