As arquitetas Gabrieli Azevedo e Fernanda Lins, da Matu Arquitetura, contam o que usar, o que evitar e o que jamais pensar em ter no lar onde vivem crianças
1 – Casa com criança sempre requer cuidados extras. Como decorar sem expor os pequenos a riscos?
Começando pela pintura, é indispensável utilizar tintas à base de água e sem odor. Hoje, quase todas as marcas já atendem a esse requisito. A marcenaria é outro ponto que devemos nos atentar. Gavetas que começam em alturas muito baixas, de fácil acesso para os pequenos, devem ser evitadas, pois podem virar uma espécie de escalada para a criança. Outro detalhe importante são as dobradiças com amortecedores, que evitam que o seu filho prenda os dedos nas gavetas e portas. Cantos arredondados em mobiliários infantis são bem-vindos e protegem contra batidas graves. Evite, ainda, pedestais de plantas, mancebos ou luminárias de chão enquanto a criança ainda engatinha ou está aprendendo a andar, pois ela tende a puxar e se apoiar em tudo nessa fase. Utilizar protetores de tomadas também é válido. Se estiver reformando, troque todos os módulos de tomadas pelo novo padrão, que já é muito mais seguro que o modelo antigo.
2 – Para quem vive em sobrados ou apartamentos dúplex, a ideia da grade de contenção nas escadas ainda é a melhor saída?
Sim. Grades e redes de contenção são fundamentais para a proteção contra as alturas, e só devem ser removidas quando a criança atingir uma idade que possa transitar pela escada com autonomia e segurança. É claro que as redes convencionais não precisam ser a única opção. Há diversas possibilidades de criar algo que se adeque à decoração. Um bom projeto pode definir grades, chapas perfuradas, painéis em marcenaria ou outros itens de design elaborados para cumprir a função de proteção.
3 – Nas áreas como cozinha ou varanda gourmet, existe uma altura padrão para as cadeiras das crianças?
As cadeiras infantis podem variar de 60 a 75 cm de altura para o assento, dependendo da idade e do porte da criança. O ideal é que ela sinta-se confortável em relação ao que está à mesa, de modo que possa alcançar o alimento sem se debruçar. Há diversas cadeiras que regulam a altura, principalmente as projetadas por marcenarias especializadas em mobiliário infantil, e vale a pena pelo uso em longo prazo que essa peça pode oferecer.
4 – O quarto dos pequenos é sempre um espaço que merece atenção especial na hora de decorar. O que pode e o que não pode?
Para o aprendizado da criança, é importante que ela possa explorar os espaços. Os quartos montessorianos são um exemplo de que podemos deixar muitas coisas ao alcance dos pequenos para que eles desenvolvam sua autonomia e liberdade. Devemos apenas nos atentar em deixar o ambiente livre de cantos e objetos que possam cair ao serem puxados. Evite móveis altos que sejam atrativos para escalar. Um layout elaborado é fundamental para combinar segurança com a decoração. Quem tem bebês deve redobrar os cuidados com peças pequenas que possam ficar ao alcance dos filhos. Nessa fase é muito comum querer levar tudo à boca. Por isso, é preciso estudar todos os itens de décor, evitando a ingestão acidental de algo que possa colocar o pequeno em uma situação de perigo.
5 – Beliches devem ser evitadas?
A beliche é sempre uma boa solução para dormitórios com metragem reduzida. Com um ou dois leitos, elevar a cama às alturas garante o maior aproveitamento da área de piso. Mesmo algumas pessoas considerando a beliche como um item perigoso ou obsoleto, as grandes lojas e marcenarias voltadas para o mobiliário infantil mostram que esse modelo está em seu pleno uso e garantem segurança e diversão com suas formas, revestimentos e itens de segurança, como grades e cantos arredondados.