Trazida da Ásia pelos europeus, a palhinha rapidamente foi apropriada pelo brasileiro e tornou-se um clássico da arquitetura e do design nacional, utilizada com enorme sucesso entre os anos 50 e 70. Agora, com a revalorização do artesanato, essa trama natural vazada, que tem tudo a ver com o clima tropical do Brasil, volta revigorada e atualizada ao décor. Em diferentes superfícies, de divisórias a móveis e revestimentos, ela retoma protagonismo e representa a busca por materiais mais naturais e o resgate da memória afetiva na decoração.
Por Dan Brunini
Foto: Rômulo Fialdini
Acalento no campo
Com dimensões generosas, entrada de luz natural abundante e muito espaço, esta casa de campo num condomínio de luxo em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, é o lugar perfeito para a família se reunir e receber os amigos. Integrado com terraço e sala de jantar, o living com lareira é sinônimo de aconchego graças ao uso dos elementos naturais, especialmente da palhinha, que aparece nos estofados, e das pedras. “Os materiais naturais são sempre bem-vindos nas decorações modernas, clássicas e contemporâneas para as pessoas que buscam um ambiente despojado”, afirma a arquiteta Ana Maria Vieira Santos, responsável pelo projeto de interiores.
Foto: Daniel Veiga
Pitadas de brasilidade
Conectada ao living, a sala de jantar ficou mais aconchegante com a combinação de elementos que remetem à brasilidade, como o piso de madeira e as cadeiras Dia, com encosto de palhinha, assinadas por Jader Almeida para a Clami. “Elas têm uma transparência gostosa e mostram um certo toque artesanal”, comenta a designer de interiores Marília Veiga, que assina o projeto.
Foto: Alain Brugier
Profusão de estilos e materiais
Ao criar esta sala de jantar com lugar para oito pessoas, o arquiteto Diego Revollo buscou mesclar diferentes cadeiras para enriquecer a decoração. “A ideia de usar modelos com braços mais contemporâneos e outros sem braços, feitos de madeira e palhinha, foi justamente para trazer aconchego e leveza à composição do ambiente”, comenta Diego. Segundo ele, a palhinha é leve e, ao mesmo tempo, resulta em aconchego. “Por ser vazada, ela é o contraste ideal para essa situação onde temos uma mesa maciça”, complementa.
Foto: Julia Ribeiro
Atmosfera nostálgica
Na reforma do próprio apartamento, a arquiteta Ana Angrimani não abriu mão da palhinha nas cadeiras da sala de jantar. “Gosto muito desse material por todas as suas características, como cor, textura e versatilidade, porém acredito que o aspecto nostálgico é o que faz com que todos amem a palhinha”, conta Ana. A trama aparece nas cadeiras M110, assinadas por Geraldo de Barros, e nos modelos de cabeceira Menna, de Sergio Rodrigues. “Esse elemento ainda contrasta com a madeira de tom escuro, predominante nos demais móveis”, completa a arquiteta.
Foto: Mariana Orsi
Recurso multifuncional
Ampliar o living, sem comprometer o visual e a integração do ambiente, foi o desafio encarado pelas profissionais da Inside Arquitetura & Design. Como solução, o escritório criou um painel telado, que expandiu a área e permitiu a colocação de um sofá em L ainda maior. “Isso porque a telinha permite a passagem de luz entre a circulação de entrada e o próprio living, sem eliminar a sensação de amplitude que a casa já tinha”, explica Sara Rollemberg. “A palhinha trouxe um ar retrô e, ao mesmo tempo, sofisticado ao ambiente, além de conferir leveza”, completa.
Foto: Gui Morelli
Leveza acentuada
Um ambiente de tons neutros, sempre pronto para receber a família e os amigos. Esta é a proposta das salas de jantar e estar integradas no apartamento reformado por Carina Korman, sócia da Korman Arquitetos. Na seleção criteriosa dos móveis, as cadeiras Mad, com encosto de palhinha e desenho de Jader Almeida (Dpot) foram a escolha perfeita para conferir leveza à decoração. “Sempre em alta, é um elemento que resulta em aconchego e conforto por ser natural”, acredita Carina.
Foto: Evelyn Müller
Separação delicada
Nesta casa, em que todas as salas são abertas e integradas, a divisória de madeira e palha ajuda a deixar o espaço de jantar mais acolhedor e intimista. “A palhinha, que trouxe leveza e equilíbrio em contraponto ao piso de pedra e à mesa de mármore, também está presente nas cadeiras de jacarandá dos anos 60”, explica a designer de interiores Marcela Pepe, autora da reforma. “Não costumo me basear em tendências na hora de fazer um projeto. Mas, esse material está em alta e rende detalhes bem elegantes, descontraídos, além de ser atemporal”, conclui.
Foto: Luis Gomes
Valorização nacional
A ambientação desta sala de jantar proposta por Alice Martins e Flavio Butti buscou valorizar a identidade brasileiras, evidenciando designers, artistas e artesãos nacionais. Em destaque no encosto das cadeiras Bossa Palha (Dpot), a palhinha não só traz aconchego como combina com a atmosfera de campo. “Esse material está presente na nossa história, desde a época em que curtíamos as casas dos nossos avós”, acredita Flavio. “Nos dias de hoje, vem ao encontro da vontade de resgatar essas lembranças e valorizar os materiais naturais, que de alguma forma trazem a ideia de uma vida com mais qualidade” observa.
Foto: Edgard César
Em harmonia com a madeira
Ao transformar a varanda gourmet em sala de jantar, o arquiteto Leo Romano conseguiu ampliar a ala social e tornar o momento de receber dos moradores muito mais especial. Em torno da mesa Chuva, desenhada por Leo, estão as cadeiras da Thonart, cuja palhinha traz harmonia ao conjunto, que conta ainda com as portas de correr de muxarabi. “A ideia é desvendar a cozinha somente quando necessário”, conta Leo.