O lar da arquiteta Marina Mello e seu marido, o designer de mobiliário Gustavo Moreau, foi projetado para ser palco dos momentos marcantes e singelos que compõem a vida a dois
TEXTO: JULYANA OLIVEIRA | FOTOS: MANUEL SÁ
Uma página em branco para escrever novos capítulos. Era o que a arquiteta Marina Mello, do escritório Terça Arquitetura, e seu marido Gustavo Moreau, designer de mobiliário da Mobu Atelier e Timor Bio, buscavam em um apartamento. E encontraram! O imóvel de 250 m², localizado em um edifício dos anos 1960 no bairro Cerqueira César, em São Paulo, possui todas as características desejadas pela dupla para viver com seus dois cachorros, George e Mbali: ampla vista, mais espaço e jeito de casa.
“Morávamos em uma casinha de vila muito gostosa, mas queríamos uma mudança de ares, só que sem nos desfazer dessa sensação de estar com os pés no chão, cheios de plantas e nossa horta”, conta Marina.
Como a cozinha e a área de serviço eram excessivamente grandes e um dos banheiros atendia dois dos três quartos do apartamento, foi preciso muito quebra-quebra para transformar a planta original em uma que atendesse às necessidades do casal. Também arquiteto, Rogério Batagliesi, o padrasto do Gustavo, fez questão de participar dessa primeira etapa da obra, tocada com a Marina a quatro mãos.
Logo, o layout foi completamente modificado. Além da redução na metragem, cozinha e lavanderia ganharam um mix de revestimentos interessantes: os tijolinhos ocupam as paredes e chegam ao piso, onde se encontram de forma orgânica com o taco de peroba do campo. “Traz aconchego e uma deliciosa sensação de jardim”, explica a arquiteta.
Já o living, composto por estar, jantar e sala de TV, foi separado visualmente com a ajuda de uma divisória autoportante diagonal, que mantém a boa entrada de luz natural e ventilação cruzada. “Também expusemos os pilares do prédio e depois fizemos uma concretagem: transformamos quadrados 25 x 25 cm em círculos de 40 cm de diâmetro, bem imponentes. Nós os deixamos com concreto exposto, moldado no local”, revela Marina.
No décor, o bom design é marcante e cheio de história. A sala de estar combina o sofá Maralunga, assinado pelo designer italiano Vico Magistretti e que já pertencia à família do casal, às poltronas Barcelona, de Mies van der Rohe. Ao centro, a mesa carrega a assinatura de Gustavo e impressiona os convidados. “Esculpida em mármore imperador, o centro é uma tábua para pães e aperitivos que é removível. Embaixo dela guardamos baralhos”, explica a arquiteta.
A mesa de jantar, de madeira maciça, também possui desenho do morador. Ancorada por uma viga metálica engastada no pilar do edifício, ela mantém-se totalmente suspensa. As cadeiras Cesca, assinadas por Marcel Breuer, também já faziam parte do acervo da dupla e foram reformadas para compor o ambiente.
“Nos quartos [eram três] removemos todas as paredes entre eles e redividimos o espaço para ampliar a suíte máster e ter um cômodo extra [que funciona como home office] bem confortável”, detalha Marina.
Já no escritório, um cantinho é dedicado aos instrumentos musicais e às bicicletas do Gustavo. “Nós mesmos pintamos o mosaico colorido na parede, feito com as sobras de amostras de tinta das portas da cozinha e lavanderia”, lembra a arquiteta. “Esta é nossa primeira casa feita em conjunto e por isso nosso desejo é que este apartamento cresça com o nosso casamento, refletindo nossas fases, nossos momentos e nossa história”, finaliza a moradora.