Visitamos os principais estandes da Heimtextil, a maior feira têxtil do mundo, na Alemanha, e revelamos a seguir o que vale a pena ficar de olho nas próximas temporadas – e o que saiu de cena
Por Danilo Costa*
Numa feira tão importante como a Heimtextil , em Frankfurt, na Alemanha, que costuma ditar tendências na área têxtil, é de praxe vasculhar os principais pavilhões (12, no total), percorrer corredores e entrar nos estandes (inclusive nos pequenininhos) para identificar o que está em alta, o que promete ‘bombar’ nos próximos meses e confirmar o que, de repente, não ‘deu’ as caras. Para se ter uma ideia, no primeiro dia de feira, este repórter aqui contabilizou 15 km percorridos e, no segundo dia, uma pequena bolha no calcanhar denunciou mais alguns km – tudo em busca de uma pesquisa cuidadosa e muita conversa com empresas em vários estandes para selecionar o que devemos apostar e o que precisamos questionar no quesito tendências em 2023. Vamos lá?
O que está em alta
Folhagens e o maximalismo
Quem esperava encontrar tecidos, papéis de parede e outros materiais com estampas mais delicadas e mínimas, certamente, ficou desapontado. As folhas e as pétalas gigantes, os desenhos ampliados, num zoom de 2x, 3x ou até 4x vezes foi o que mais vimos em produtos pendurados, colocados, ambientados ou, simplesmente, expostos nos estandes. Flores, aves, paisagens e rochas também marcaram presença, mostrando que a aposta é de exibir mesmo as estampas nada delicadas. Com surgimento nos anos 1970, o estilo maximalista é o desejo de expressar uma personalidade marcante e, como dizia o arquiteto Robert Venturi, na época, ‘less is bore’ (menos é chato).
Diferentes versões amigas do meio ambiente
Vegano, ecológico, sustentável, livre de carbono, amigo da natureza… esses nomes, espalhados por todos os lugares, dão o recado: fabricantes, marcas e lojistas estão de olho nos materiais que não poluem nem agridem o meio ambiente e, inclusive, signifiquem reaproveitamento máximo do que foi descartado. Inclusive, os organizadores da Heimtextil criaram um selo, uma plaquinha instalada nos estandes com o nome Green & Sustainable Products (Produtos Verdes e Sustentáveis) – Supplier Of Sustainable Home And HouseHold Textiles (Fornecedor de Têxtis Domésticos e Sustentáveis). Os expositores da Heimtextil também estão cada vez mais focados em estratégias de transformação que levam em conta múltiplos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Isso inclui a produção inovadora de produtos sustentáveis - de fibras feitas de PET a linho em combinação com outras fibras naturais, como cânhamo, além de roupas de cama de algodão revestido com cortiça.
Convite (cada vez maior) ao toque
Os bouclés e os cheniles, que vimos com força total na edição passada do Salão Internacional do Móvel de Milão, na Itália, e também na última CASACOR São Paulo, permanecem e ganharam um incremento de cores mais alegres, banhos de tecnologia para ficarem dentro ou fora de casa. O uso continua forte em estofados, como sofás, poltronas e almofadas, com o objetivo de abraçar e aconchegar, apresentando diferentes toques. O bouclé, criado em meados dos anos 1940 em busca de oferecer sofisticação e conforto, está em cena com diferentes texturas (ora mais altas, ora mais baixas), resultado de diferentes misturas de fios.
Azuis, verdes e derivados
Não é de hoje que a paleta do mar, do céu e das árvores predominam no mundo da decoração e do design. Mas talvez a ideia seja apresentar esses tons de uma maneira menos conservadora, com sobreposição de desenhos, mistura de estampas, opções desgastadas, lavadas, com detalhes feitos a mão e por aí vai. Embora o verde também esteja presente (o azul bem mais), acabou dando forma às folhagens, paisagens etc, não a cor, simplesmente, lisa ou estampada. Tanto o azul, quanto o verde, definitivamente não são apenas tonalidades dos detalhes, das miudezas, são de base, podem colorir superfícies maiores e trazer a sensação de frescor e modernidade.
Ode à Natureza
A tapeçaria, o feito à mão, os materiais naturais… esses dificilmente saem de cena, ainda mais se depender da nossa vontade de ter, dentro de casa, cada vez mais tecidos e materiais de toque gostoso ou opções de revestimentos personalizados, seja com uma costura, um pesponto ou uma linha nada convencional. Quem não deseja um ambiente que priorize o relaxamento, buscando o equilíbrio visual e espiritual através do contato com elementos naturais e da mistura harmônica de formas e tons? É exatamente essa a busca desse grupo que esteve tão presente em tantos estandes da Heimtextil.
O que não apareceu na Heimtextil
Elementos Geométricos
Tão marcantes nas feiras de revestimentos, especialmente nas opções de cerâmicas e cimentícios em 3D, os elementos geométricos não estamparam tecidos nem papéis de parede. Por onde andam? Será o que o mundo está enjoado deles?
Cor Viva Magenta
A aposta vibrante da Pantone, que é referência mundial no estudo de cores, até foi vista em um estande ou outro, mas escondidinha, sem grande destaque. Foi preciso procurar muito, mexer em araras de tecidos até encontrar, pelo menos, alguma nuance que lembrasse o Viva Magenta.
Animal Print
Originário na década de 1950, o termo animal print entrou com tudo no mundo da decoração nos últimos anos, mas em tecidos e outros materiais da Heimtextil essa estampa não apareceu, não. Talvez, isoladamente, um elefante dali, uma girafa daqui, mas nada que sobressaísse essa decoração nada delicada.
Ombré e degradê
Essas duas palavrinhas de origem francesa, que tanto coloriram paredes, cortinas etc com sua profusão de cores também não deram ‘as caras’ nos estandes da maior feira da área têxtil do mundo. Não podemos afirmar que caíram em desuso ou saíram de moda, mas que não vimos, não vimos nadinha mesmo!
*O jornalista Danilo Costa está visitando a Heimtextil, na Alemanha, à convite da Messe Frankfurt.
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